Críticas ao aquecimento global

Alguns cientistas fazem críticas ao aquecimento global, afirmando que o aumento da temperatura do planeta está ligado a fatores naturais, e não ao aumento de CO2 na atmosfera.
Alguns defendem que o aquecimento global não é resultado do efeito estufa, mas sim de causas naturais, como o aumento da atividade solar

Conforme dito no texto Efeito Estufa e Aquecimento Global, esse tema tornou-se bastante polêmico, pois existem alguns cientistas que não concordam com o fato de que esse aquecimento seja resultado de fatores antropogênicos, isto é, de atividades humanas, conforme afirma o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).

Eles dizem que o CO2 lançado pelo homem não é o grande responsável por esse “problema ambiental” e que há exageros nas projeções realizadas pelo IPCC. Para esses estudiosos, em vez de um ciclo crescente e acentuado de aquecimento, ocorrerá, na verdade, um período de resfriamento nos anos que estão por vir.

Entre os cientistas que fazem críticas ao aquecimento global estão o físico e meteorologista brasileiro Luiz Carlos Molina, o climatologista, também brasileiro, Ricardo Augusto Felício, o português Rui Moura, o mexicano Mario Molina (um dos laureados com o Prêmio Nobel de Química de 1995), o dinamarquês Bjorn Lomborg e o norte-americano Patrick Michaels.

Tais cientistas afirmam que os fatos apresentados pelo IPCC como causadores do aquecimento global, principalmente a intensificação do efeito estufa causada pelo homem, não possuem comprovação científica e que, apesar de o aquecimento global ser colocado como uma teoria, ele, na realidade, é uma hipótese.

O aquecimento global seria, então, uma farsa?

Vejamos agora alguns argumentos contra o aquecimento global colocados por tais cientistas, principalmente pelo professor Luiz Carlos Molion. Todavia, vale ressaltar que este artigo não pretende tomar partido de nenhuma posição no debate, afirmando que o aquecimento global é verdade ou mentira, mas sim trazer informações que aumentem o leque de conhecimentos sobre o assunto e que contribuam para o entendimento de cada ponto de vista.

* Registros instrumentais de temperatura: Segundo o IPCC, os valores para a temperatura média da Terra estão registrados no seguinte gráfico:


Gráfico mostrando a variação da temperatura média global da atmosfera em relação ao valor médio entre os anos 1860 e 2000 *

Esses dados mostram que, em cerca de 150 anos, a temperatura média do globo aumentou aproximadamente 0,6 ºC. Mas os cientistas mencionados dizem que esse é um período muito curto para captar a variabilidade do clima. Essas medições começaram a ser realizadas no final de um período frio conhecido como “Pequena Era Glacial”, ou seja, o início das medições ocorreu em um período relativamente mais frio que o atual, levando a conclusões errôneas sobre o aumento da temperatura.

Houve, em épocas anteriores a essa, elevações de temperatura ainda maiores. Um exemplo foi o período de 800 a 1200 d.C., quando as temperaturas estavam mais elevadas do que agora, e o homem, naquela época, não emitia CO2 para a atmosfera.

Observe no gráfico acima que existem duas faixas de tempo em que a temperatura global teve um aumento acentuado. O primeiro período foi entre 1910 e 1940, quando houve um aumento na temperatura de cerca de 0,4 ºC. Nessa época, a emissão de CO2 pelo homem não era elevada, sendo assim, torna-se difícil argumentar que o aquecimento global que ocorreu nesse período tenha sido causado pelo homem.

Depois desse período, entre 1947 e 1976, houve um resfriamento de cerca de 0,2°C, e o segundo período de aumento da temperatura ocorreu a partir de 1977 (cerca de 0,3°C). Porém, esses cientistas mencionam que o problema desse segundo aumento de temperatura é que ele não foi verificado em todas as partes do globo, pois existem fatores que mudam de região para região. Nos centros urbanos, por exemplo, existe o efeito das ilhas de calor que aumenta a temperatura entre 3ºC e 5ºC em relação aos arredores. Assim, o homem interferiria na temperatura das microrregiões, mas não no clima global do planeta.

As possíveis causas apontadas por esses cientistas para a elevação da temperatura seriam de origem natural, como o aumento da produção de energia solar e de raios cósmicos (radiação ionizante emitida pelo Sol), formação das nuvens e a diminuição do albedo planetário (percentual de radiação de ondas curtas refletida de volta para o espaço exterior), pois não houve nenhuma grande erupção vulcânica, a atmosfera ficou mais transparente e entrou mais radiação solar, aumentando a temperatura. Assim, a conclusão é de que fatores naturais sobrepõem-se às ações antrópicas.


Uma erupção vulcânica lança grande quantidade de aerossóis na atmosfera, elevando o albedo planetário e gerando um resfriamento que pode durar décadas

*Modelos de simulação do clima:

Esses modelos de simulação do clima são programas de computador que tentam reproduzir os processos físicos que ocorrem na atmosfera com base em cenários hipotéticos. Mas eles não correspondem à realidade, pois não levam em consideração certos processos físicos externos que influenciam a atmosfera, tais como erupções vulcânicas, variação da atividade solar, tsunamis e fenômenos como o El Niño. Só para se ter uma ideia, o evento do El Niño de 1997/98 produziu anomalias de temperatura de cerca de 0,8ºC. Esses modelos, inclusive, não conseguem representar corretamente o clima que ocorreu no passado.

Além disso, esses estudos não levam em consideração o papel da inércia térmica dos oceanos, que tem grande importância no controle do clima, já que 71% da Terra é constituída por água. Esse grande volume de água funciona como um reservatório de calor, ou seja, graças ao seu elevado calor específico, os oceanos recebem grande quantidade de energia e controlam a temperatura do planeta, não permitindo que a temperatura aumente de forma brusca, suavizando as mudanças climáticas.


Os oceanos recebem grande quantidade de calor e influenciam o controle da temperatura do planeta

*Concentrações de CO2 e a questão do efeito estufa:

Conforme mencionado mais acima, a maioria acredita que o CO2 lançado na atmosfera por meio da queima de combustíveis fósseis é o grande responsável pelo aquecimento global, pois ele tornaria o efeito estufa exacerbado. O relatório do IPCC indicou que a concentração desse gás na atmosfera em 2005 foi de 379 ppmv (partes por milhão por volume), sendo a maior ocorrida nos últimos 650 mil anos.

Entretanto, os céticos em relação ao aquecimento global apontam outras medições que mostram que a concentração de CO2 no século passado (período antes das medições mencionadas) ultrapassou o valor de 379 ppmv várias vezes, contradizendo o que foi dito pelo IPCC.

Além disso, o CO2 proveniente dos fluxos naturais, como de erupções vulcânicas, dos oceanos e do solo, atinge uma concentração de cerca de 200 bilhões de toneladas de carbono por ano, com uma incerteza de 40 bilhões para mais ou para menos. Já o homem lança cerca de sete bilhões de CO2 na atmosfera em todas as suas atividades, o que corresponde a uma porcentagem muito pequena, que não interferiria no efeito estufa da forma mencionada pelos que acreditam na hipótese do aquecimento global. Assim, o CO2 não é considerado o grande “culpado” e não há nenhuma pesquisa científica comprovada que mostre que CO2 armazenado na atmosfera seja originário de emissões antropogênicas.

Outro aspecto relacionado a esse assunto é que os oceanos absorvem parte do CO2 da atmosfera. A solubilidade dos gases em líquidos é inversamente proporcional à temperatura, ou seja, quanto mais “quente” o líquido estiver, ou quanto maior a temperatura, menos o gás se dissolverá. Como a temperatura dos oceanos aumentou muito, menos CO2 foi absorvido, ficando armazenado na atmosfera, o que explica o aumento da sua concentração.

Esse fator mostra que o CO2 não causaria o aquecimento global, como o IPCC afirma, mas sim o contrário, o aquecimento dos oceanos e do ar adjacente levaria ao aumento do CO2 na atmosfera.

*Questões que influenciariam os dados apresentados no IPCC:

Existiriam interesses econômicos (como da indústria energética) e políticos que poderiam interferir nos resultados apresentados pelo relatório do IPCC.

É importante lembrar que esses cientistas não defendem que, em vista desses argumentos, agora se deva indiscriminadamente poluir o meio ambiente, pois existem outros fatores que devem ser levados em consideração, como outros poluentes que são lançados por meio da queima de combustíveis fósseis. Temos, por exemplo, os óxidos de enxofre que causam a chuva ácida, além do material particulado, como a fuligem, que polui o meio ambiente. Por isso, novas formas de energia devem sim ser procuradas e é preciso ser feito um processo de adaptação.

Esses cientistas também concordam que a elevação ao dobro da quantidade de CO2 na atmosfera terá influências na temperatura da Terra. O desacordo é, no entanto, quanto à intensidade desse efeito e quanto à origem desse aumento, pois, conforme foi mostrado neste texto, pode ter sido por variações internas ao sistema Terra-Oceano-Atmosfera.

* Crédito editorial da imagem: Robert A. Rohde / Wikimedia Commons.


Por Jennifer Fogaça
Graduada em Química

Por Jennifer Rocha Vargas Fogaça