Molalidade
A molalidade (m) é a razão estabelecida entre a quantidade de matéria (n) do soluto e a massa (kg) do solvente em uma solução.
Por Everton da Paz Silva
A molalidade (
Essa particularidade torna a molalidade fundamental em processos industriais e análises técnicas realizadas que exigem precisão na medição, como em estudos do solvente (como seu ponto de congelamento e ponto de ebulição).
Leia também: O que é solubilidade?
Resumo sobre molalidade
- A molalidade (
) é a razão entre a quantidade de mol do soluto e a quantidade de massa (kg) do solvente. - A molalidade pode ser definida por suas fórmulas:
ou . - Pode ser calculada dividindo o número de mol do soluto (n1) pela massa do solvente (m2) ou pela divisão da massa do solvente (m1) pelo produto da massa molar do soluto (M1) pela massa do solvente (m2).
- Enquanto a molalidade (mol/kg) relaciona a quantidade de matéria do soluto (n) por unidade de massa do solvente, a molaridade (mol/L) relaciona a quantidade de matéria do soluto por unidade de volume da solução.
- A molalidade não depende da temperatura, pois a massa não sofre variação com a temperatura, diferentemente do volume, utilizado na molaridade.
Videoaula sobre molalidade
O que é molalidade?
A molalidade (
Vale destacar que essa medida de concentração costuma ser representada por diferentes símbolos, b ou
Fórmula da molalidade
A molalidade é comumente definida pela razão entre a quantidade de matéria do soluto (n1) e a massa do solvente (m2), e a unidade de medida padrão da molalidade é o mol/kg. A fórmula da molalidade consiste na expressão:
Em que:
é a molalidade (concentração em quantidade de matéria por massa);
- n1 é a quantidade de matéria do soluto, dada em mol (mol);
- m2 é massa do solvente, em quilograma (kg);
Porém, é possível determinar a molalidade com base na massa do soluto por meio da expressão:
Em que M1 é a massa molar (g/mol) do soluto.
Veja também: Partes por milhão — unidade usada para medir a concentração de soluções muito diluídas
Como calcular a molalidade?
O cálculo da molalidade ou concentração molal (mol/kg) é feito estabelecendo-se a razão entre a quantidade de matéria do soluto e a quantidade de massa do solvente.
Para entender melhor como se dá o cálculo dessa medida de concentração, vamos considerar uma solução formada por 10 g de bicarbonato de sódio (NaHCO3) dissolvidos em 500 mL de água. Como a quantidade de solvente foi dada em volume, é necessário fazer a conversão para a massa com base na densidade da água, que é 1 g/mL.
A densidade da água indica que cada 1 mL de água equivale a 1 g de água; logo, 500 mL de água equivalem a 500 g de água. Como o valor da massa precisa ser dado em kg, o valor utilizado será 0,5 kg.
Considerando que a massa molar (M) do NaHCO3 é 84 g/mol, podemos calcular a molaridade pela expressão:
Fazendo a substituição dos valores, temos:
O valor obtido no cálculo da molalidade indica que, a cada 1 kg de solvente, existe 0,25 mol do soluto (NaHCO3) dissolvido.
Molalidade x molaridade
Apesar da semelhança dos termos molalidade e molaridade, essas medidas de concentração expressam relações diferentes entre soluto e solvente na composição da solução:
- A molalidade, dada em mol/kg, indica a quantidade de matéria do soluto (n) presente em cada unidade de massa do solvente.
- A molaridade (M), dada em mol/L, indica a quantidade de matéria do soluto presente em cada unidade de volume da solução.
É importante lembrar que o volume da solução é a soma do volume do soluto e do solvente (V1 + V2), e isso se reflete na massa da solução, dada pela soma das massas do soluto e do solvente (m1 + m2). Essa pequena diferença faz com que a medida de concentração informe relações diferentes entre soluto e solvente, ainda que os valores obtidos sejam o mesmo ou muito próximos.
Outra diferença significativa é que a molalidade não depende da temperatura, pois a massa do solvente não sofre variação com a temperatura, diferentemente do volume, usado no cálculo da molaridade.
Durante o aquecimento, é normal observar um aumento no volume da solução devido à dilatação térmica. As moléculas do líquido absorvem energia na forma de calor e a convertem em energia cinética, fazendo com que as moléculas do líquido se afastem. Isso se traduz na expansão do volume e faz com que a molaridade mude.
Saiba mais: Como se calcula a fração molar
Exercícios resolvidos sobre molalidade
Questão 1: (Idecan) Assinale a molalidade de uma solução preparada pela dissolução de 5,0g de glicose (C6H12O6) em 50 mL de água destilada.
A) 0,27 mol.kg-1
B) 0,54 mol.kg-1
C) 0,05 mol.kg-1
D) 0,1 mol.kg-1
E) 1,2 mol.kg-1
Gabarito: alternativa B.
A resolução da questão depende da massa molar (M) da glicose, que é 180,16 g/mol.
Como a molalidade é dada com base na massa do solvente, é preciso converter o volume de água para massa; logo, 50 mL = 50 g = 0,05 kg de água.
Substituindo os valores na fórmula da molalidade:
Temos:
Entre as alternativas da questão, o valor mais próximo é 0,54 mol.kg-1, alternativa B.
Questão 2: (ITA-SP) O rótulo de um frasco diz que ele contém solução 1,50 molal de LiNO3 em etanol. Isto quer dizer que a solução contém:
A) 1,50 mol de LiNO3/quilograma de solução.
B) 1,50 mol de LiNO3/litro de solução.
C) 1,50 mol de LiNO3/quilograma de etanol.
D) 1,50 mol de LiNO3/litro de etanol.
E) 1,50 mol de LiNO3/mol de etanol.
Gabarito: Alternativa C.
Molal é uma forma de se referir à relação mol/kg da molalidade. É importante lembrar que essa relação indica a quantidade em mol do soluto presente a cada 1 kg do solvente.
Assim, se a concentração da solução é 1,50 molal, significa que há 1,50 mol do soluto (LiNO3) a cada 1 quilograma (kg) do solvente (etanol), como apresentado corretamente na alternativa C.
Fontes
ATKINS, P. W. PAULA, J. de. Fundamentos de Físico-Química. Vol 1 & 2. 5 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003.
ATKINS, Peter; JONES, Loretta; Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio ambiente; 3ª ed.; Porto Alegre; Bookman; 2006.
CHANG, Raymond; Química Geral: Conceitos Essenciais; 4ªed.; São Paulo;McGraw-Hill;2007.
IUPAC. Molality. Gold Book. Disponível em: https://goldbook.iupac.org/terms/view/M03970
SKOOG, Douglas A (2006). Fundamentos de Química Analítica. 8ª ed. São Paulo-SP: Thomson.